sábado, 9 de julio de 2016

CRISTIANISMO NA ERITRÉIA

“A perseguição está maior do que nunca e pior”

Todas as igrejas evangélicas estão fechadas desde uma lei em 2002. Mais de 2.800 cristãos estão na prisão, e seus familiares não têm notícias deles há meses e anos. Só em 2013, após uma onda de detenções, cerca de 1.200 cristãos foram presos na Eritreia
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A perseguição religiosa na Eritreia está em seu "nível mais elevado e continua piorando", disse um líder cristão eritreu à Portas Abertas Internacional. O líder não pode ser identificado por motivos de segurança.
Trinta e sete estudantes cristãos da Faculdade de Artes e Estudos Sociais, na cidade de Adi Keyh, e cinco membros da Igreja do Deus Vivo, em Asmara, foram presos na semana passada, elevando o número total conhecido de cristãos presos neste ano para 191.
A Portas Abertas estima que cerca de 1.200 cristãos estejam presos na Eritreia. Entretanto, algumas estimativas afirmam que a cifra é de 3 mil.
As igrejas da Eritreia têm sido monitoradas desde maio de 2002, quando o governo fechou todas as igrejas protestantes e pentecostais que não se inscreveram para serem registradas pelo Departamento de Assuntos Religiosos.
Onze anos depois, há provas de que o governo eritreu ignora os direitos humanos dos presos, de acordo com a organização de direitos humanos Anistia Internacional.
"Vinte anos após as eufóricas comemorações da independência, a Eritreia é um dos países mais repressivos, secretos e inacessíveis do mundo", afirmou Claire Beston, pesquisadora da Eritreia na Anistia Internacional, à rede BBC.
Aumento na perseguição desde janeiro
Em seu último relatório, no mês passado, a Anistia Internacional informou que há prova de "detenção e prisão arbitrária, sem julgamento, em larga escala a fim de conter toda oposição real e suspeita, de calar os críticos do governo e de punir qualquer um que se recuse a cumprir com as restrições de direitos humanos impostas pelo governo".
O governo da Eritreia rejeitou o documento como sendo um relatório com "acusações ferozes" e "totalmente infundadas". No entanto, Selam Kidane, uma eritreia expatriada e diretora de Release Eritrea, uma organização de direitos humanos sediada no Reino Unido, confirma que tem a perseguição religiosa tem se "intensificado" desde janeiro.
"Não podemos ligar tal crescimento a qualquer incidente que tenha acontecido, mas é fato que tem ocorrido muitas prisões", destaca ela.
Selam disse que o governo tem seguido os líderes das igrejas clandestinas para colher informações e efetuar prisões. Enquanto a perseguição religiosa na Eritreia não está limitada aos cristãos, Selam disse que a Igreja clandestina é a que mais sofre.
"Qualquer religião que não esteja disposta a ficar sob o controle do governo está sendo perseguida", disse ela. "Isto não é exclusivo aos cristãos. Mas em termos de ser completamente oprimido, são as Igrejas minoritárias que sofrem mais, como as igrejas pentecostais e as igrejas evangélicas. Elas têm sido rotuladas e acusadas de toda a sorte de crimes por suas comunidades e por outros grupos religiosos".
Quase metade da população da Eritreia é cristã. Aproximadamente nove entre dez cristãos pertencem à Igreja Ortodoxa, enquanto que quase todo o resto é católico ou protestante.
A Eritreia está em 10º lugar na Classificação de países por perseguição, ranking que enumera os 50 países em que os cristãos sofrem mais opressão por conta de sua fé. Quando os cristãos na Eritreia são descobertos, correm o risco de serem presos e mantidos em contêineres em acampamentos militares. Pelo menos 105 cristãos foram presos em 2012, e 31 destes teriam morrido na prisão.

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